quarta-feira, 16 de novembro de 2011

“Eu fiz de novo. Jurei pela minha própria vida que nunca mais o faria, mas aqui estou eu. Vocês já deveriam esperar por isso, considerando que não tenho nem mesmo um pingo de amor próprio. Eu prometi que jamais voltaria à essa dor, prometi que não deixaria que nada vencesse meu próprio sorriso. Mas me enganei. E enganei vocês. Porque, afinal, aqui estou eu. Pela décima quinta vez esse ano, eu fui fraca. Eu fiz isso de novo, me desculpem. Eu deixei as lembranças me invadirem e chorei por mais de meia hora esperando que a vontade de sumir passasse. Não passou. E eu fiz de novo. Me humilhei a tal ponto que morreu dentro de mim qualquer vestígio de sanidade. Eu enlouqueci. Perdi a capacidade de diferenciar a esquerda da direita. Esqueci como se vê as horas no ponteiro. Estou completamente perdida e vulnerável. Por favor, não vai embora de novo - grita a voz dentro da minha cabeça. Só que eu perdi minha voz também. Então, você não me escuta. E a cena de você partindo se repete e se repete dezenas, centenas e milhares de vezes dentro da minha cabeça. Em todas elas, eu tento fazer com que você fique. Mas nada adianta. E eu te assisto diversas vezes passar pela porta, me olhar e dizer “se cuida”. Como é que eu me cuido sozinha, se durante toda minha vida sempre tive você para me cuidar? Eu sou menina, não se deixe enganar. Eu não aprendi a caminhar sozinha, apesar dos teus esforços. Não me deixa, não agora. Eu sou fraca.Eu fiz de novo. E não consigo encontrar a culpa dentro de mim. Eu quero mais e mais, me ajudem. Eu não consigo me controlar, e a ruína está tão perto… Tem um precipício na minha frente, agora. Eu vou pular. Estou a um passo disso. Vou pular porque não aguento essa ardência no peito. Vou pular antes que eu fique louca. Se é que já não estou. Olha só - o final desse precipício é vermelho. O vermelho me encanta e me dá mais vontade de pular. Desculpa, por favor. Eu não queria ter que fazer isso, mas eu preciso que vocês entendam: eu não posso ser consertada. Eu não tenho solução. Eu perdi. Me desculpem por isso. Mamãe, papai… Eu perdi minha força.”